sábado, 16 de janeiro de 2010

Sábado voador



Hoje o dia foi marcado pela letargia do sábado de calor e verão. Vontade de ficar imóvel, sem mexer um músculo, nem mesmo pensar... dois banhos gelados para refrescar, mas a moleza acumulada em semanas de trabalho pesado, com desmoronamentos e enchentes na Ilha Grande, Angra e tal, seguido do terremoto do Haiti. Essas coisas na redação são ampliadas para além da resistência dos simples mortais. Imagens, depoimentos, vídeos etc... vão chegando e a gente escolhendo a melhor foto, escrevendo a legenda, fazendo títulos... quem lê tanta notícia? O fim de semana, portanto, foi meu momento de redenção, hora de apagar o peso das preocupações, estresse e tal. Daí a exaustão.


Mas lá pelas tantas, eis que pela janela invade o som de uma banda, daquelas de pracinha do interior, só que com um repertório eclético e interessante, de Bob Marley a Afrosambas, passando por marchinhas de carnaval, Tim Maia, Mutantes e por aí vai... Era o impulso que precisava. Pus a bermuda, o tênis e desci à pracinha do interior que existe aqui em Botafogo (só que em lugar do coreto, uma barraquinha vendendo cerveja e salsichão enfarofado; e em lugar da igreja, um botequim de esquina). Circulei entre a multidão de todas as idades (tinha até um pula-pula para as crianças) dançando, se divertindo, comemorando o verão, a proximidade do carnaval.


No intervalo pediram doações para as vítimas da tragédia no Haiti, o que me fez pensar no contraste das situações. A vida é assim engraçada, incompreensível... e bela, apesar de tudo.


Bem, faço o registro e deixo umas imagens da banda, que se chama Orquestra Voadora. A rapaziada mandou muito bem. Já as fotos, feitas com a câmara do celular, deram nisso aí... A última é de minha janela, olhando a praça das nuvens.

6 comentários:

ips disse...

As fotos estão sensacionais, verdes. Retratos mesmo da sua redenção da redação. De fato, quem lê tanta notícia? Imagino como você não se perguntou isso nesses dias catastróficos.

ipaco disse...

Pois é. As histórias mais interessantes sobre o Haiti, do ponto de vista do espírito humano, vieram da troca de e-mail com o Gil, nosso correspondente que foi deslocado para Porto Príncipe. São pequenos detalhes comezinhos que dançam no noticiário hardcore, como por exemplo, a viagem de táxi que ele fez de Santo Domingo para Porto Príncipe ou como é dormir nas tendas, com os tremores assustando todo mundo a cada meia hora.... Hoje, ele voltou a Santo Domingo e disse que, depois de tudo, o hotel Meliá parece o Palácio Taj Mahal... Ele disse também que essa foi a cobertura mais barra pesada que ele fez (e olha que ele fez o terremoto de Sichuam, em 2007, e as regiões devastadas pelo tsunami...

ips disse...

Eu acompanhei parte da cobertura do Gilberto, e notei a sua imensa qualidade de repórter e de cidadão do mundo. Lembro dele falando para a CBN, após ter colocado os pés em Porto Príncipe, que ao lado dos cadáveres e de tudo o mais desse teatro de horrores, a ausência de uma escova de dente e de outros objetos banais do cotidiano estavam transformando os dias do Haiti num inferno ainda mais insustentável. Imagino uma cidade com todos os seus muros derrubados e com as armas disponíveis porque os portadores estão mortos. E nessa cidade, já devastada por outras catástrofes, as pessoas com uma desesperadora necessidade de atribuir a algo ou alguém a causa de suas desgraças. Que horror. O Gilberto começa o século XXI como uma de suas maiores testemunhas.

ipaco disse...

É verdade. Essa cobertura ele não vai esquecer mais.

beijo.

Anônimo disse...

adoro eles! ei, vc já esteve no TRiboz? algo me diz que vc vai gostar. vou cantar lá na sexta agora, com o quarteto, como nos velhos tempos da modern, quer ir? rua conde lages, 19, na Gló-ria! 21h30, vai lá, to com saudade!
beijão

ipaco disse...

Putz, só tocam na sexta? É o meu pior dia...