Thiago e Armando, bons companheiros
O jornalista Armando Nogueira nos deixou hoje, aos 83 anos. Ele vinha lutando contra um câncer no cérebro que, aos poucos, foi abocanhando seus movimentos. Mas a lucidez brilhante permaneceu aprisionada no corpo doente. Responsável pela implantação do telejornalismo na TV Globo, sua paixão mesmo era a crônica esportiva, que exercia com uma verve só comparável a dos grandes mestres. Apesar de sua intimidade com a linguagem televisiva, Armando era um sujeito de formação literária, seu raciocínio primário e primitivo era pelo texto escrito e pela leitura. Por isso, sua crônica tinha um estilo denso na percepção e leve no amarrar das frases. Uma raridade no hoje em dia, quando os textos são louvados por seu fôlego telegráfico. Não se aceitam mais os recursos que o idioma oferce ao ato da escrita.
Mas Armando também era músico. Tocava sua harmônica com talento e desenvoltura. Me lembro de algumas tardes de sábado na casa de Ana Helena, os saraus com Thiaguinho e seus companheiros de Escambo. Foi em sua casa que vi Armando pela última vez, há alguns meses. Um almoço com o poeta Thiago de Mello (quando tirei a foto acima). Armando já não tocava mais seu instrumento e conversava com dificuldade, mas suas frases eram certeiras. Desde o início do ano, sua saúde foi piorando. Mês passado, Thiago veio vê-lo de Manaus, ao saber da piora e nos trouxe notícias inquietantes. A doença havia avançado.
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