Querida amiga, o farfalhar do vento nas folhas soltas em minha mesa espalhou ideias pela casa e me fez perceber o silêncio. Não fora o torvelino espiralado dos papéis em branco dançando no ar, não me teria dado conta do escorrer silencioso do tempo, dilatando os dias, prolongando as horas, lento avanço, enquanto espero um sinal de vida. Passado o susto, tento desintegrar a nuvem de concreto, transcender o virtual e respirar o mesmo ar. Talvez seja tarde demais. O tempo empedrou meus extremos, os ossos doem e meus olhos enxergam em preto e branco. Mas há algo ainda que pulsa, amiga. Desconfio que ainda sei abraçar e tenho sede de amor.
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