terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Sábado 14 em Copacabana


O balcão da Adega Pérola, petiscos e chope na Siqueira Campos

Amigos, há alguns anos, vivi uma sexta-feira 13 digna do nome. Vou poupá-los dos detalhes sórdidos, mas, só para um resumo brevíssimo, envolveu desde um pequeno acidente de trânsito, briga com namorada e comida fria em restaurante... tudo isso num dia chuvoso, em São Paulo! Bem, passada a meia-noite, tudo se inverteu. A namorada, que dormira amuada, acordou no meio da madrugada com uma disposição, digamos, amorosa incrível e o sábado amanheceu num clima completamente distinto do da véspera, com um sol inesperado e uma esperança imprecisa no ar. Pois bem, anos mais tarde, ao narrar, em detalhes, essa experiência a um grupo de amigos, um deles lembrou o fato óbvio: era o sábado 14, o primeiro dia após a sombria sexta-feira 13. Disse ele, filosófico:

"Lembre-se que depois de uma sexta-feira 13, há sempre um sábado 14!"


Vendidos por peso, os petiscos da Pérola provêm basicamente do mar

Pronto. Bastaram essas palavras em tom de adágio, para que fosse instituída a comemoração da auspiciosa data e, desde então, ou quase, nos reunimos no sábado 14 para celebrar a vida, normalmente em vários botecos, em verdadeiras maratonas etílitcas, ou baratonas, como prefere minha amiga Mila Chaseliov, digna vencedora da última baratona na categoria feminina. Pois bem, embora o último sábado não fosse 14, ele inspirou uma minibaratona por Copacabana, onde levei um casal amigo de Sampa, a cidade onde tudo começou.


Os amigos de Sampa e do Rio se encontram na calçada do Pavão Azul

Iniciamos nossa jornada almoçando na Modern Sound, ouvindo um jazzinho e em seguida um samba de primeira. Foi para abastecer o corpo e o espírito com proteínas e hidratar nossas almas para a empreitada à frente, que começou pra valer mesmo pela clássica Adega Pérola, na Siqueira Campos, endereço da boemia teatral e de músicos dos anos 70-80. Meus amigos não tinham experimentado o rollmops, que na Adega são feitos com sardinha, em vez de arenque, afinal, estamos nos trópicos e é preciso adaptar. E o chope, que na Adega é meio de lua, estava sensacional. Ideal para abrir os trabalhos. Depois foram porções de manjubinha e outros mimos dos quase 100 petiscos, ao estilo tapas, que a casa oferece.


Meu amigo Cesar Baima, diante de duas pataniscas que sobraram

Em seguida, fomos para o Pavão Azul em busca das pataniscas. Encontramos bem mais que isso. Lá estavam outros amigos, bebendo Original gelada. Não fizemos desfeita e acompanhamos, com um farta porção do petisco que deu fama ao boteco, em frente à delegacia de polícia, que acrescenta um ar insólito ao bar. Depois de muita conversa jogada fora, rebocamos todo mundo para uma quadra dali, para provar o chope campeão do Real Chope, dica preciosa do Jaguar.


Meu chope saindo no Cervantes: estava preocupado com as notícias sobre a qualidade, mas gostei. O preço está mesmo salgado

No caminho conversamos sobre a singularidade que é o bairro de Copacabana, com suas galerias e comércio de rua, que ainda resistem aos shoppings. Com sua vida noturna: o único bairro do Rio, ao lado da Lapa, que não dorme. Também o lugar onde o contraste entre a distância física e a distância social nunca foram tão atordoantes, com os clássicos prédios art déco e os edifícios quitinetes e favelas; com as áreas de prostituição ao lado dos endereços chics. Enfim, um Rio de Janeiro de fortíssima personalidade, símbolo simultâneo do esplendor e da decadência da cidade.


A turma do Cervantes, volta ao trabalho após quatro meses de reforma

Seguimos então para a saideira no Cervantes, que quatro dias antes reabrira após quatro meses de reforma. Na reinauguração, um amigo me telefonou para reclamar do chope, afirmando que estava caro (R$ 4 a caldeireita) e ruim. De fato, o preço está salgado, mas a qualidade, no sábado, estava de alto nível. E olha que viemos do Real Chope, de modo que nosso parâmetro era exigente. O gerente me explicou que a reforma foi basicamente superficial, trocando as paredes e ampliando a área de trabalho dos garçons. No sistema do chope não se mexeu, garante ele. Bem, e os sanduíches, com o pão maravilhoso, continuam com o mesmo sabor. Saí de lá aliviado.


O novo Cervantes, com mais espaço para o pessoal que trabalha no balcão

Deixei meus amigos depois do Cervantes e fui tomar a saideira no Bar da Morena, um boteco sensacional, que não revelo a ninguém onde fica nem o que tem, para não estragar.

Bem, abaixo os endereços das casas visitadas:

Modern Sound (Allegro Bistrô Musical), rua Barata Ribeiro, 502 (quase esquina com Santa Clara). Tel.: 2548-5005. Para consultar a programação musical: www.modernsound.com.br.

Pérola, rua Siqueira Campos, 138 (em frente ao velho shopping center do teatro Opinião). Tel.: 2255-9425.

Pavão Azul, rua Hilário de Gouveia, 71 (em frente à 12ª Delegacia). Tel.: 2236-2381.

Real Chope, rua Barata Ribeiro, 319 (esquina com Paula Freitas). Tel.: 2547-6673.

Cervantes, rua Barata Ribeiro, 7-B (ou Rua Prado Júnior, 335-B). Tel.: 2275-6147 (vale lembrar que o Cervantes é um dos últimos bares a fechar na zona Sul).

4 comentários:

Anônimo disse...

Amigo PT,

Sensacional o novo blog, parabéns.

Ressalto que os petiscos do Real Chopp não devem nada aos da Adega Pérola, e o chope propriamente dito, na minha modestíssima opinião, não tem paralelo em Copacabana.

Saravá!

ipaco disse...

Salve, Fraguinha! O Chope do Real é realmente insuperável em Copa. Já os petiscos, acho que a Adege vence pela variedade. o rolmops, por exemplo...

abração,
pt

Andrea Nestrea disse...

poxa, e eu querendo ir no bar da morena.....rs

ipaco disse...

Oi Andréa. Me aguarde. Vou colocar um post sobre o bar da Morena. Aliás, gostei muito do Carderno Digital.

beijim
pt