O casarão, de 1898, abriga um ambiente amplo, típico dos
botequins do início do século 20. A cozinha tinha o bem servido carro-chefe:
Lulas com arroz e brócolis. A lula vinha desfiada em tiras finas e o arroz
verde ficava suculento. Comiam três. O lombo de bacalhau (àquela época ainda
era possível comer bacalhau em botequim sem ficar pobre) à moda portuguesa era
outro sucesso do bar. Tudo receita da família de meu amigo Rogério Loro, que
trocou o bar pelo jornalismo.
Depois, a família de Loro saiu, deixando o outro sócio
tomando conta do lugar, a coisa começou a decair aos poucos. O prato com lula e
arroz e brócolis nunca mais foi o mesmo (hoje em dia é possível comer algo
semelhante no Bismarque, em Botafogo), e as carnes entraram firme, substituindo
os peixes e frutos do mar. Além disso, o bar passou a ter o defeito de fechar
cedo. Às 21h30 já era possível sentir o nervosismo dos garçons, apressando
pedidos, avisando que a cozinha iria fechar e coisa e tal. A gota d’água foi a
última vez que fui lá, há pouco tempo, com minha amiga Renata Malkes: só estavam
servindo cerveja Itaipava. Só.
Para mim, foi o sinal do fim de uma longa agonia. Aquela história do paciente com uma doença terminal e muito sofrimento, cuja morte acaba trazendo tanto alívio quanto dor. No caso do Aurora, temi que se tornasse mais um Belmonte. Mas eis que na terça-feira recebo a boa notícia: meu querido amigo Kadu Tomé, um dos sócios do Bracarense, comprou a casa. Kadu é um jovem empreendedor do ramo de botequim, com alma de botequineiro. Tenho certeza que saberá preservar a memória da casa e recuperar a imagem do velho Aurora, melhorando o que há para melhorar.
Para mim, foi o sinal do fim de uma longa agonia. Aquela história do paciente com uma doença terminal e muito sofrimento, cuja morte acaba trazendo tanto alívio quanto dor. No caso do Aurora, temi que se tornasse mais um Belmonte. Mas eis que na terça-feira recebo a boa notícia: meu querido amigo Kadu Tomé, um dos sócios do Bracarense, comprou a casa. Kadu é um jovem empreendedor do ramo de botequim, com alma de botequineiro. Tenho certeza que saberá preservar a memória da casa e recuperar a imagem do velho Aurora, melhorando o que há para melhorar.
Um comentário:
Espero que em algum momento têm a oportunidade de ir a este lugar que parece muito bonita, também eu queria comer carne, então eu acho que vou comer nos la caballeriza
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