quinta-feira, 12 de março de 2009

Moa surfando na grande rede

Queridos amigos, recebi ontem a boa notícia de que acaba de estrear na rede o Blog do Moa (clique aqui), onde se pode passaer pela prosa saborosa deste artista genial. Os puristas que me perdoem, mas não classifico Moacyr Luz como sambista (e, por favor, não me interpretem mal; não vai aqui nenhum demérito ao estilo musical que se confunde com nossa identidade nacional). É que, no caso desse artista, rotulá-lo dessa forma é pôr na penumbra outros aspectos de sua música genial e espaçosa. Como diria Manduka, o Moacyr Luz é um neorrenascentista, aquele tipo de artista, que ataca em várias áreas ao mesmo tempo, como o próprio Manduka fazia. Quem duvidar que vá ouvir o excelente CD recentemente lançado Batucando, seu melhor trabalho até agora, segundo ele próprio me confessou outro dia.


Moa e Marluci na festa de aniversário de Janjão, no ano passado

Conheci o Moa através do Baiano, quando trabalhava na primeira edição do Rio Botequim, no fim dos anos 90. Além de músico e compositor, Moa também é escritor de mão cheia e engana-se quem pensa que sua prosa é coisa das horas vagas, quando descança o violão. Dois livros com crônicas de botequins não me deixam mentir. Manual de sobrevivência nos botequins mais vagabundos, sobre o qual tive a honra de escrever uma resenha para o Prosa & Verso, e Botequim de bêbado não tem dono.

Arguto observador do cotidiano, Moa tem o dom do cronista da cidade, tirando dos pequenos e repetitivos rituais de convivências nos botecos lições profundas de vida, aulas de etiqueta social e convivência, enfim, um retrato vivo da cidade que se esconde nesse cotidiano. A esquina, o garçom, o balcão, o banheiro, o choro na dose de uísque etc. etc. etc. Nada escapa ao olhar perspicaz do artista.

Também quero indicar aqui o sensacional Correio da Lapa (clique aqui), um jornal eletrônico sobre o bairro boêmio carioca, editado por meu amigo Alfredo Herkenhoff. Só ali você encontra notícias de primeira mão sobre personagens lapianos, seus botecos e gurufins. Alfredo escreve febrilmente e sua coluna social, digamos, não convencional no Jornal do Brasil foi um dos últimos momentos de brilho desse ex-grande jornal. Toda essa verve agora está nas páginas eletrônicas do Correio da Lapa. Também aguardamos ansiosamente o Livro da Lapa, um projeto que Alfredo vem acalentando há alguns anos. Diz a lenda que há mais de mil nomes citados nas páginas desse livro mitológico.

2 comentários:

Thiago Panza Guerson disse...

Grande Paulo!
Há um tempo atrás freqüentava seu outro blog (pindorama 2) e hoje, visitando novamente o blog do Moacyr, te reencontrei. Uma amiga do trabalho sabendo que gosto muito de botequim, levou-me sua matéria que saiu na revista do Globo, que por sinal, foi ótima!

Abração!

ipaco disse...

Salve, Thiago. Seja bem-vindo neste novo blog. Decidi fazer o Pendura para falar só de boteco, boemia e afins e também porque o Pindorama estava cheio de janelas popups de propagandas que eram colocadas a minha revelia. Isso me encheu o saco e, infelizmente, já está acontecendo aqui também. Quanto à matéria da revista, pois é, a idéia surgiu de uma conversa com o Custódio, o fotógrafo, e fomos em frente. Foi bem legal fazer essa matéria, que acabou escolhida como a terceira melhor do mês internamente lá no Globo. abração. pt