terça-feira, 23 de março de 2010

Ode ao Rebouças


O Rebouças é um pé-sujo simples, louvado por vários apreciadores de botequins, que reúne uma freguesia diversa e interessante. À noite, depois que o comércio ao redor fecha, seu Alberto, auxiliado pelo simpático garçom Jorginho, espalha mesinhas e cadeiras para uma clientela que às vezes chega aos três dígitos. No sábado passado, deppois de passar pela Modern Sound, Pavão Azul e Real Chope, tomei a saideira no Rebouças, acompanhado de minha amiga Bia Caiado. Saí de lá por volta das 2h30 e a coisa não parecia nem perto do fim.

Mila Chaseliov, que co-orientei na monografia de graduação com o Paulinho Pires, está preparando seu projeto de mestrado, focando na presença feminina em certos botequins de classe média. Como o Rebouças fica no aristocrático bairro do Jardim Botânico, ela escolheu o bar como um de seus campos de pesquisa etnográfica. E eu acompanhei já algumas incursões dela, digamos, ao campo, para discutir com ela, ajudar colocando questões etc. O seu diário de campo está repleto de anotações, desenhos e coisa e tal. Outro dia mesmo já participou de um churrasco da turma dos fregueses assíduos, que inclui um português de conversa solta, um astrofísico colombiano, um jovem advogado, algumas mulheres de personaidade forte e algumas celebridades que passam quase anônimas por ali. Vendo Mila trabalhar, me lembrei muito da minha pesquisa na Adeguinha, a Adega da Velha, do meu amigo Chico Rufino. De certo modo, estou revivendo isso tudo, ao acompanhar Mila.

O caso do Rebouças é daquele que é melhor calar. O bar está no ponto certo. Não precisa mais de público. Se encher mais vai estragar. Por enquanto, é sustentável. Os rissoles de camarão com catupiry, sequinhos e baratos, os pastéis, a cerveja gelada (me lembrou as cervas estupidamente geladas do Bar do Costa) são as especialidades. Lá inclusive passaram a vender Heinenken, a pedido de Mila. Agora, a cerveja holandesa, na ampola de 600ml, já domina o balcão. A Mila fez bem em escolher esse lugar, pois a presença feminina é constante. Segundo uma delas, as mulheres escolhem o bar pela assepsia do banheiro, tese discutível como lei geral, mas interessante. Até porque o Rebouças tem, no máximo, uns 20 metros quadradados e um único banheiro para homens e mulhres.

Depois da morte do Juca dei um tempo do Serafim. Passei lá uma noite, em que até fiz o bar brindar a ele, e sumi. Voltei lá no carnaval e fiquei decepcionado. Fui almoçar e não consegui terminar. Um prato sem gosto e sem tempero. Nem mesmo o chope estava no ponto. Houve uma época que o meu bar preferido foi o Serafim, como já foram o Bar do seu Manoel (ou Bode Cheiroso), Braca e a Adeguinha. Também freqüentei assiduamente o Jobi nos anos 80-90. Depois que Soraya Silveira Simões me apresentou ao Chalé, em Niterói, dividi com ela tardes e noites de chopes gelados e conversas estratosféricas ali. Hoje, confesso que estou gostando muito do Rebouças, mas sem alarde, por favor.

4 comentários:

tete bezerra disse...

Estou indo ao Rio agora na semana santa,pretendo frequentar os bares da lapa e arredores,vc tem alguma sugestão,também sou fã dos "ditos pés sujos' ?

ipaco disse...

Na Lapa há muita coisa com música, aí vale a pena ver a programação. Bar por bar, o Bar Brasil é meu predileto. Para mim, o melhor chope do Rio. E tem o Nova Capela, que não está mais como antes, mas ainda é uma boa pedida para comer (o cabrito com arroz e brócolis é muito bom, assim como o filé à francesa, que aliás foi inventado lá). Ele fecha às 6h da manhã, portanto dá para ir a um show e depois ir lá comer.

Anônimo disse...

acabei de escrever sobre nós no jobi... a Programa vai dar a capa, A Revista vai fazer seis páginas e o Rebouças vai virar um inferno, assim como aconteceu com o Samba da Laje, o Candongueiro, o Bracarense e o próprio Jobi. Ai, ai...

ipaco disse...

Putz! Essa coisa de bar da moda é foda.