domingo, 20 de novembro de 2011

Limpeza


A ovulação que desperdiçamos
Em noite de espanto e exagero
Insisnuou-se, madrugada de sonho

Derramou-se viscosa nos lençóis
E feriu imaculada alvura de cetim,
Contaminando hospitalidade alheia

Apesar do susto, desinfetamos culpa
Nossa impureza, nosso embaraço
Dissolveram-se no pó do sabão

E desapareceram, enxaguadas
Uma a uma, nossas promessas
Para sempre sopradas no varal

Mas agora, o tempo em vendaval
Trouxe a mancha terrosa, esquecida
O sangue recalcado, puro, lavado

Despoluído do sortilégio do amor
Na forma de encardida saudade
De tudo, do todo que restou nada