domingo, 15 de julho de 2012

Sonho


Na noite de quarta para quinta-feira passada sonhei que caminhava por ruelas de uma cidade incomum. Eram ruas tortuosas, sem a lógica racional do urbanismo modernista, dessas que deixam os transeuntes sem pistas de onde estão e para onde vão. Ruas labirínticas, como as de cidades medievais, mas esta do sonho tinha uma ambiência tropical, lembrando uma favela de vielas estreitas e irracionais, cheias de becos e impasses.

Depois de longo perambular a esmo, reconheci alguns companheiros de copos em botequins de esquinas e tavernas de comida barata. Enfim, cheguei numa residência, maior que as demais. Lá, fui recebido por uma pessoa importante e próxima, que não consigo reconhecer. Um desses personagens oníricos, sem face, mas de profunda intimidade, que me levou a um aposento no segundo andar do que parecia ser um sobrado. Sobre uma mesa, havia uma imensa gaiola dourada, dentro da qual uma majestosa cacatua branca me olhava com ânimo abatido. Estava visivelmente doente.Me aproximei e a enorme ave me fitou atentamente, tranquila; As pálpebras pesando sobre os olhos. Então, lentamente desceu do poleiro, inclinou o corpo e se deitou ao chão, suavemente. Os olhos cerrados. Deu um último suspiro e adormeceu.

6 comentários:

ANNA disse...

Credo!!! Vc sonhou isso mesmo ou tirou de algum conto mitológico que a burralda aqui não conhece?? É lindo e triste e assustador! Se eu sonhasse alguma coisa parecida,passaria a semana inteira em profunda angústia,tomara que não seja o seu caso.
Abraços,Anna Kaum.
Ah,e um dia luminoso para vc!

ipaco disse...

Obrigado, Anna, o sonho faz todo o sentido. Ele ocorreu no mesmo dia em que soube que meu pai está com uma doença grave. Freud tinha razão e o meu psiquismo simbolizou meus temores. Abs. pt.

ANNA disse...

Ô meu amigo (se é que posso lhe chamar assim),eu sinto muito.Por aqui,meu pai,já com uma certa idade,tb não vai nada bem e essa é uma estrada que conheço,sei o quanto ela é dura e,não importa que idade tenhamos,assustadora.
Se houver algo que eu possa fazer,é só gritar,ok?
Abraços,Anna Kaum.

ipaco disse...

É claro que pode me chamar de amigo, Anna. Obrigado por seu apoio. Vale muito! Abs.

ips disse...

Paulinho, a cacatua não podia ser outra figura senão aquela que você simbolizou. e todas essas ruas da vida numa só cidade. e o súbito sentimento de intimidade sem nenhum rosto. que síntese. você é demais. vá lá, pegue logo esse avião.

ipaco disse...

Vou pegar!