quinta-feira, 7 de maio de 2009

Adeus a dona Antonia

Encontrei hoje na redação meu querido amigo Custódio Coimbra, um dos melhores fotógrafos que conheço. Vinha de uma reportagem e passou pelo Restaurante 28 para atacar o delicioso cozido da casa centenária. Lá, ele soube da triste notícia: dona Antonia da Costa, a cozinheira, morrera no sábado passado. Imediatamente telefonei para o seu Amandio Salgado, o português dono da casa de pasto, para saber dos detalhes. Dona Antonia tinha 78 anos, dos quais 60 passados na cozinha do 28. No sábado ela passou mal, rodou por vários hospitais, transferências por que qualquer cidadão pobre desse país é obrigado a passar e que pioram a saúde do doente, e no fim faleceu.

No enterro, nenhum parente. Essa mulher quase anônima, batalhadora, talentosa na manejo de temperos e sabores e dona de uma memória gastronômica que remonta aos tempos da belle époque carioca não tinha ninguém, exceto os companheiros do bar onde trabalhava. Com ela a gente perde um pouco desses temperos. E falei sobre isso num post de fevereiro, que pode ser relido aqui. Era uma matéria sobre bares centenários, na qual o 28 era citado.


O espelho do Restaurante 28 com o reflexo de seu Amândio (foto de Custódio Coimbra)

Na minha conversa de hoje com o seu Amândio perguntei se era dona Antonia a responsável pelo saboroso leitão da casa e ele me esclareceu rapidamente:

— Não! Os assados sou eu quem faz. São minha especialidade. Dona Antonia cuidava da comida de panela: cozido, polvo, mocotó.

Por isso, meus amigos, recomendo que corram urgentemente ao 28 e desfrutem desse paladar em vias de extinção. O bar do Jóia, citado na mesma matéria, já está com as portas fechadas, segundo uma nota, para reforma, mas eu, cá com meus botões, temo que ele não abra mais...

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