segunda-feira, 18 de maio de 2009

O chope do Bar Luiz


Mais amargoso, o chope Sol ganhou o meu respeito

Sábado passado resolvi ir ao samba da Ouvidor, que ocorre sábado sim, sábado não na tradicional rua do Centro do Rio, cujo epicentro é a aconchegante livraria Folha Seca, do meu querido amigo Rodrigo Ferrari, especializada em livros e CDs sobre o Rio de Janeiro. O samba agora não é mais anunciado dado o grande número de pessoas que lotam o lugar. Mas mesmo cheio, é um programa que vale muitíssimo a pena, nem que seja para acompanhar dos botequins que cercam o lugar, em especial o Antigamente e o Casual.

Mas neste sábado em especial, como queria almoçar, decidi esticar até a rua da Carioca e experimentar o chope do Bar Luiz, depois que a casa trocou de bandeira, substituindo a AmBev pela Femsa, ou melhor, trocando o chope da Brahma pelo da Sol. Para que se tenha ideia da importância do fenômeno, basta dizer que o Bar Luiz nasceu em 1887 (chamava-se nesse início de começo Zum Schlauch, e ficava na rua da Assembléia), um ano antes da fundação da Cervejaria Brahma. Portanto, 100 anos depois de trabalhar exclusivamente com produto Brahma, a casa decidiu fazer essa mudança radical. Dizem, mas a turma do bar desmente, que o negócio envolveu coisa de mais de um milhão de reais.


Salsichões bock com salada de batata, o melhor acompanhamente para o chope

Pois bem, devo confessar que fui ali com uma certa predisposição para condenar a mudança, evocando do fundo da mamória o sabor cremoso do velho chope da casa centenária em inúmeras e memoráveis situações. Afinal, freqüento o Bar Luiz desde a época em que era barato comer por lá.

Mal entrei e já fui guiado por um dos garçons até uma das mesas no centro do velho salão art déco. Admiro a elegância da casa e o piso desgastado, que tanta confusão provocou quando tentaram reformá-lo. Estava faminto e acabei pedindo um par de salsichões bock com a famosa salada de batata da casa, que não é feita com maionese, mas um creme cuja receita ninguém revela. Ela foi introduzida no cardápio na década de 30 pela mulher do dono do bar. E para acompanhar uma caldeireita na pressão.


Gosto muito da elegância do Bar Luiz, um remanescente da belle époque do Rio

O chope chegou e não sem uma boa dose de emoção dei o primeiro gole, inaugurando o sábado e dando prosseguimento à minha investigação. Fiquei surpreso. A bebida estava ótima. Ótima não, sensacional. Sim, meus amigos, melhor do que antes, segundo minha modestíssima opinião. Não tinha a mesma consistência cremosa do chope da Brahma, mas trazia um amargor mais acentuado, atestando a presença generosa de lúpulo na fórmula. Desceu redondo e eu fui obrigado a admitir que o Bar Luiz acertou na troca.


O samba da Ouvidor, abençoado pelo manto sagrado rubro-negro

Depois, com o estômago forrado e o paladar estimulado para continuar na cerveja, me mandei para a Ouvidor, a tempo de dar um abraço no Rodrigo e admirar a rapaziada levando sambas de primeiríssima, com o menino Pratinha, um fenômeno no violâo de 7 cordas. A turma ainda me deu um presente inesperado ao desfraldar, como suporte cívico-espiritual da roda de samba, o manto sagrado rubro-negro. Assim, começou meu fim de semana.

11 comentários:

Anônimo disse...

e nossa ida a ramos? bjs

Thiago Panza Guerson disse...

Fui nesse samba sábado... ficou muito bom! Do Bar Luiz, seu sempre ouvi falar mais nunca fui. Fiquei até sabendo dessa troca de chope. Então quer dizer que o chopinho é bom? Bom saber.

Abração

Eduardo Goldenberg disse...

Paulo: eu, rubro-negro até a alma, condeno com veemência o estender da bandeira do Flamengo durante a roda-de-samba-e-passa-o-pandeiro.

Estenderão alguma outra se em 2010 o campeão for outro time?

Não.

E a roda, rapaz, agonizando desde o dia em que tiveram a brilhante idéia de colocá-la na capa da revista d´O GLOBO, agora arrecada, entre os passantes, o que os comerciantes sábios do lugar decidiram deixar de pagar pros músicos.

Falo à vontade.

Não vou lá há muito tempo.

Quem ainda passa por lá, entretanto, têm me contado verdadeiras barbaridades.

Como essa, da bandeira estendida em praça pública.

Quanto ao Bar Luiz, não fui depois da vergonhosa mudança. E nem pretendo ir. O chope SOL não pode, nem sob delírio, ser melhor que o da BRAHMA, na minha humílima opinião.

Abraço.

ipaco disse...

Andrea, como se diz no Rio, vamos combinar... estou numa fase de matar a saudade de uns bares da Tijuca-Maracanã-Praça da Bandeira que não ia há muito tempo... Vamos nessa?

Thiago, pois é, o Bar Luiz tem muita história. Eles até lançaram um livro, se não me engano, contando algumas delas. Acho que vale uma visita.

Querido Edu, em primeiro lugar, bem-vindo ao meu modesto pedaço. Fico honrado e feliz com sua presença por aqui. Bem, confesso que não atinei para as conseqüências do desfraldar rubro-negro ali, na Ouvidor. Você tem razão. Por mais que me dê alegria ver o manto sagrado, cria-se um problema ético, difícil de resolver. Boa reflexão.

Também concordo que o samba anda muito cheio e isso torna difícil curtir a música, circular e coisa e tal. Mas ainda acho um bom programa. Era melhor antes, sem dúvida. Apesar de tudo, a música estava ótima. Os meninos são muito bons e a iniciativa do Rodrigo é legal. Não sabia essa história da grana recolhida. Isso sim é o fim.

Quanto ao chope do Bar Luiz, aí sim temos opiniões diferentes, o que é bom. Também gosto do chope da Brahma, mas fui surpreendido pelo sabor do chope Sol e recomendo que você prove, até para julgar com mais veemência. Além disso, no caso das cervejas, ando muito chateado com o monopólio que a AmBev tenta impor aos bares cariocas, impedindo que ofereçam aos clientes uma ampla variedade de cervejas, inclusive as boas cervejas de microcervejeiros que penam para sobreviver. O nosso Fraguinha e a Katita, do Aconchego, têm muitas histórias sobre isso. Grande abraço. pt.

Eduardo Goldenberg disse...

Paulo: não há que agradecer a visita. Ela é constante e frequente, o tempo pra comentar é que acaba me faltando, até porque ando segurando a mão pra evitar mais e mais polêmica, troço que, sem querer, creia nisso, acaba parecendo ser meu precípuo objetivo.

As conseqüências do desfraldar rubro-negro ali, na Ouvidor, como você disse, são ruins. Quem a estendeu ali (não estava mas tenho como certo quem foi) não tem o menor senso de humor pra permitir, amanhã, que um incauto tricolor, ou um botafoguense, ou mesmo um vascaíno, faça o mesmo. E eu não creio que o problema seja exatemente ético, palavrinha com a qual ando implicando. O problema é mesmo a falta de educação e de respeito com o outro. Mas isso não importa. Não vou mais lá, nunca vi o troço estendido e não tenho razão para ficar, aqui, esbravejando contra a lastimável atitude.

O samba não anda apenas muito cheio. O samba anda muito cheio de gente que só vai lá por conta da matéria do jornal, vai por conta da "balada", e não por outra razão já estouraram 3 ou 4 bolhas de briga, contidas a tempo pela turma do deixa-disso.

Soube recentemente da "história da grana recolhida". E ela é parte do fim. Pandeirinho circulando nos intervalos, basta ter olhos de ver.

Quanto ao chope, veremos.

Mas não o beberei no Bar Luiz.

Abraço.

ipaco disse...

Edu, pelo que já trocamos de comentários sei que temos opiniões convergentes e divergentes. O importante, acho eu, é o respeito e isso sempre transitou bem entre nós, reciprocamente. Mas sinto falta mesmo é de nos encontrarmos de verdade, num desses nossos botecos, pra brindar um copo e conversar de verdade. Fica a idéia.

Outra coisa, tem (ou tinha) um botequim no larguinho da Professor Gabizo com Morais e Silva, quase na esquina (lado direito de quem vai na contramão), cujo nome não me lembro mais, você conhece esse?

Leo Antunes disse...

Quanto à roda não há discussões, é altamente recomendável.
Quanto ao chopp, bom, esse chopp sol servido no Bar Luiz, é de fato melhor do que os outros da SOL servido em outros, graças a Deus, poucos lugares. Não creio que seja feita uma bebida especial para o Bar Luiz, mas a chopeira de lá melhora muito as coisas. Parafraseando a irmã pobre das cervejas, que aliás vem domindando o mundo redondo, o chopp da brahma, entre os comerciais, é SEM COMPARAÇÃO !

ipaco disse...

Salve, Leo. Sua tese pode mesmo estar certa. A chopeira, a câmara fria, a serpentina e os bons tiradores do Bar Luiz podem fazer o chope Sol render mais. Mas ainda acho que há uma presença mais marcante do lúpulo, mais amargosa, que me agrada. Eu particularmente aprecio as cervejas mais fortes e encorpadas. Abs

Malvinas Família Futebol Clube disse...

Paulo,

Quem sabe sua garganta não estava seca demais? (risos)
Chopp Sol consegue ser pior do que o Chopp da Itaipava, mas provarei a do Bar Luiz.

Abraços,

ipaco disse...

Querido Casé, é verdade que aquele foi o primeiro chope do dia e eu estava com sede... Você pode estar certo. Vou ter que experimentar de novo. Abraços. pt.

Marcelo Sat disse...

Olá Paulo, meu nome é Marcelo Sat, sou da cidade de Ribeirão Preto S.P., pra você ter uma idéia, e acho que já ouviu falar que, Ribeirão é a terra do Chopp, tínhamos a alguns anos atráz uma fábrica da Antarctica, onde o chopp fazia história, até mesmo porque tinha a lenda da serpentina que ligava da fabrica até o Pinguim, nosso Bar Luiz, os anos passaram, chegou a Ribeirão o Chopp Sol, fabricado em nossa vizinha cidade de Araraquara, uma das fábricas da Femsa. Conclusão a aceitação do chopp Sol em Ribeirão vem ganhando proporções enormes, pra se ter uma idéia, fizemos testes chego, com Antarctica e Sol, nenhuma rejeição. O que muitos como você precisa saber é que um chopp tem que ser encorpado, sentir o aroma do lúpulo, malte e não aquela sensação de gostinho de alcool no fundo ba bebida, por falta de ingredientes, pois vejo os produtos Ambev com mais água do que qualquer outra coisa, agora o Ribeirão Pretano assim como os Cariocas, são muito exigentes quando se trata de chopp, então o que você tomou no bar Luiz, é o que muitos por aqui estão tomando em bares e residências, aqui tem a Chopp Sol Delivery, que concorre com outras marcas, e é um dos chopp mais respeitado pelos apreciadores de um bom chopp.